Depois de um ano de interregno devido à pandemia de covid-19, a Paris-Roubaix regressou para a sua 118ª edição. Pela primeira vez a prova foi para a estrada no Outono e não na Primavera e trouxe também, pela primeira vez, o pelotão feminino consigo. Num fim-de-semana chuvoso o terreno revelou-se (ainda mais) importante e difícil de lidar, conjugado aos terrenos com uma altura substancial, contrariamente ao que se vê na Primavera.

Uma Paris-Roubaix bastante diferente.

Com 17 sectores de pavé ao longo de 116,4 quilómetros, 129 ciclistas distribuídas por 22 equipas partiram à procura de glória. Emilie Moberg (Drops-Le Col s/b Tempur), Nicole Steigenga (Doltcini-Van Eyck-Proximus) e Elena Pirrone (Valcar-Travel & Service) foram as primeiras fugitivas mas depressa foram apanhadas pelo pelotão, mesmo antes do primeiro sector de pavé. À entrada do 1º dos 17 empedrados Lizzie Deignan (Trek Segafredo) acelerou e destacou-se. Daí em diante foram 82 quilómetros percorridos heroicamente em solitário. O pelotão foi ficando reduzido, entre tácticas, fadiga, problemas mecânicos e (muitas) quedas.

A britânica da Trek – Segafredo fez uma exibição para mais tarde recordar.

Marianne Vos (Team Jumbo – Visma), a favorita à partida, atacou no penúltimo dos sectores e isolou-se, em parte ajudada pela queda colectiva no grupo onde estava inserida que vitimou, entre outras, Annemiek van Vleuten (Movistar Team). Elisa Longo Borghini (Trek Segafredo) tentou seguir junto da neerlandesa, mas não conseguiu, ficando relegada para o terceiro e último lugar do pódio. Maria Martins (Drops-Le Col s/b Tempur) esteve em prova e terminou no 19º lugar.

Top-10 final da prova feminina.

Ao pelotão masculino estavam destinados 30 sectores de pavé ao longo de 257,7 quilómetros. André Carvalho (Team Cofidis) e Rui Oliveira (UAE Team Emirates) foram dois dos 174 atletas presentes.

A fuga do dia foi composta por 31 ciclistas, entre os quais André Carvalho, Tom van Asbroeck (Israel Start Up-Nation), Jasper Philipsen (Alpecin – Fenix), Greg van Avermaet (AG2R), Florian Vermeersch e Tosh van der Sande (Lotto Soudal) Davide Ballerini e Tim Declercq (Deceuninck – Quick Step) e Gianni Moscon e Luke Rowe (Ineos Grenadiers). O grupo de fugitivos foi diminuindo, assim como o pelotão. Os motivos? Os mesmos da corrida feminina.

Fuga do dia com André Carvalho em destaque.

Com a frente de corrida reduzida a trio e com o pelotão completamente fraccionado, Mathieu van der Poel (Alpecin – Femix) começou a mexer com a corrida, com Wout van Aert (Team Jumbo – Visma) a mostrar-se incapaz de seguir o rival neerlandês, ao contrário do Campeão Europeu Sonny Colbrelli (Bahrain Victorious). A 53 quilómetros do fim Moscon atacou o van Asbroeck e Vermeersch, isolando-se na frente da corrida. O italiano criou uma vantagem sólida para o grupo perseguidor mas, quando a vitória parecia certa a 30 quilómetros do fim, o ciclista da Ineos Grenadiers furou e caiu poucos quilómetros depois. Moscon foi alcançado a 16 quilómetros do fim pelo trio de perseguidores resistente. Esse mesmo trio entrou no Stab Vélodrome pronto para discutir um triunfo que caiu para Sonny Colbrelli, com Florian Vermeersch em 2º lugar e Poel a fechar o pódio. Um pódio totalmente de estreantes neste Monumento.

Sonny Colbrelli não conteve a emoção no final da prova.

Gianni Moscon ficou com um honroso mas inglório 4º lugar, num dia em que nenhum dos portugueses terminou a prova e onde a Deceuninck – Quick Step não colocou nenhum ciclista no pódio pela primeira vez desde 2012.

Top-10 final da prova.

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