Depois de uma edição outonal ímpar, a Paris-Roubaix voltou a decorrer na Primavera, embora uma semana mais tarde face ao habitual devido à primeira volta das eleições presidenciais francesas.

A vencedora da primeira edição, Elizabeth Deignan (Trek-Segafredo), não marcou presença à partida por se encontrar grávida pela segunda vez, depois de ter dado à luz Orla em 2018. Já a vice-campeã, Marianne Vos (Team Jumbo-Visma), testou positivo para o vírus de covid-19 antes do tiro de partida para a segunda edição.

Segunda edição essa que teve 17 sectores de pavé distribuídos ao longo de 125 quilómetros a serem percorridos por 141 ciclistas. Gaia Masetti (AG Insurance NXTG), Leonie Bos (Parkhotel Valkenburg), Tanja Erath (EF), Amalie Lutro (Uno-X) e Katie Clouse (Human Powered Health) formaram a fuga do dia. A 60 quilómetros do fim esta foi anulada, numa altura em que as quedas e os problemas mecânicos já faziam os seus estragos no pelotão. Nessa altura, Lotte Kopecky (SD Worx), Marta Bastianelli (UAE Team) e Lucinda Brand (Trek-Segafredo) aumentaram o ritmo e destacaram-se, mas foram apanhadas no sector 8, altura em que a corrida se decidiu com o ataque de Elisa Longo Borghini (Trek-Segafredo). A Campeã Nacional italiana chegou ao Stab Velódrome isolada, agradecendo posteriormente à equipa que acreditou que ela poderia estar na prova e alcançar um bom resultado, mesmo quando ela não acreditava que tal fosse possível.

A equipa acreditou e Borghini alcançou a maior vitória da sua carreira.

Kopecky, recém-vencedora do Tour des Flandres, teve como prémio de consolação um honroso 2º lugar depois de ter tentado desmedidamente alcançar a italiana da Trek. Trek que fechou o pódio com Lucinda Brand, numa edição que viu Maria Martins (Le Col – Wahoo) terminar a prova no 37º lugar.

Top-10 final da prova feminina.

Na vertente masculina, 257 quilómetros e 30 sectores de pavé esperavam os 170 ciclistas à partida numa 119ª edição com 4 ex-vencedores presentes: Niki Tersptra (vencedor da edição de 2014), John Degenkolb (vencedor da prova em 2015), Greg van Avermaet (vencedor da prova em 2017) e Philippe Gilbert (vencedor da edição de 2019) que vestiu o dorsal 1 face à ausência de Sonny Colbrelli (Bahrain Victorious). O vencedor do ano passado sofreu uma paragem cardio-respiratória durante a 101ª Volta Ciclista a Catalunya, encontrando-se em casa a recuperar.

Com 50 quilómetros de prova decorridos a Ineos Grenadiers assumiu as despesas do pelotão e fraccionou-o, aproveitando as bordures e deixando para trás nomes como Wout van Aert (Team Jumbo-Visma) e Mathieu van der Poel (Alpecin-Fenix). Tal como na prova feminina, as quedas e os problemas mecânicos fizeram-se sentir em força. A 111 quilómetros do fim, e já com o pelotão reagrupado (e reduzido), Davide Ballerini (Quick-Step), Casper Pedersen (Team DSM), Tom Devriendt (Intermarché – Wanty – Gobert), Laurent Pichon (Team Arkéa Samsic) e Matej Mohorič (Bahrain Victorious) formaram a fuga do dia.

A fuga do dia em acção.

O pelotão foi cada vez ficando com menos homens mas a fuga continuou de boa saúde na frente da corrida. A cerca de 50 quilómetros do fim, no Auchy-Bersée – 12º sector de pavé, Dylan van Baarle (Ineos Grenadiers) atacou partindo de vez o pouco que restava do pelotão. Na frente, um furo de Mohorič deixou Devriendt solitário na frente da corrida. No entanto, o recém-vencedor da Milano-Sanremo voltou ao ataque a 7 sectores do fim (Cysoing-Bourghelles), levando consigo van Baarle e Yves Lampaert (Quick-Step) e alcançando o experiente belga. O quarteto alcançou uma vantagem importante e obrigou Wout van Aert a atacar no grupo de favoritos, levando consigo Stefan Küng. Já o vencedor do 106º Tour de Flandres, Mathieu van der Poel, não ’teve pernas’ para tal.

Wout van Aert procurando Dylan van Baarle, levando consigo Stefan Küng.

Dylan van Baarle isolou-se no Camphin-en-Pévèle (a cerca de 20 quilómetros da meta) e chegou ao Stab Velódrome com a maior vantagem sobre o 2º classificado desde 2010, naquela que foi a edição mais rápida da história da prova: 45,792 km/h. Wout van Aert e Stefan Küng completaram o pódio da edição, respectivamente.

Top-10 final da prova masculina.

A Ineos Grenadiers venceu, finalmente, o Monumento que procurava desde a sua criação há 13 anos, numa temporada de clássicas sem precedentes e para esquecer para a Quick-Step. Já no Jogo das Apostas, Luís Piçarra fez jus a toda a sua sabedoria que raras vezes lhe é reconhecida, numa edição que Paulo Martins não irá querer recordar.

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