Esta é a história do melhor ciclista galego de sempre no pelotão português. Detentor de recordes que dificilmente algum dia serão batidos. Um exemplo de superação e de um estrelato sem precisar de brilho ou de ostentações. Todo e cada um de nós devia inspirar-se na carreira de David Blanco – o ‘Galego Mais Português do Pelotão’. Por quê? Comecemos pelo princípio.

O espanhol, natural de Berna, nasceu a 3 de Março de 1975 mas desde tenra idade que residiu na Galiza, particularmente em Santiago de Compostela, onde chegou mesmo a graduar-se com o curso de Administração de Empresas antes de ingressar como ciclista profissional. No ano de 2000 estreou-se como profissional pela equipa portuguesa Paredes Rota dos Móveis, mas a sua costela ciclística ainda não estava a 100% preparada para o desafio já que em 2001, regressou a Espanha para trabalhar na bolsa de valores.

Voltou a terras lusitanas e aqui se fixou, ingressando em 2003 na equipa de Tavira onde alcançou no Grande Prémio CTT, a primeira de muitas vitórias no nosso país. No ano seguinte Blanco alcançou a sua melhor posição numa classificação geral de uma Grande Volta, ao finalizar em 10º a Vuelta a España desse ano.

Uma das vitórias de Blanco na Senhora da Graça.

No entanto, foi em 2006 que Blanco começou a pautar com classe o seu incrível e inigualável percurso na Volta a Portugal, pois o galego venceu a classificação geral, bem como duas etapas da mais importante prova velocipédica nacional.

A partir de 2007 com a assinatura decisiva pela equipa Palmeiras Resort Tavira, David Blanco viveu os mais importantes anos da sua carreira conquistando três Voltas a Portugal consecutivas (2008, 2009, 2010) e igualando por isso o recordista de triunfos na competição – o histórico ciclista português Marco Chagas.

Espanhol é o recordista da Volta a Portugal.

A temporada de 2010 foi mesmo imaculada por parte de Blanco que, para além do 2º lugar no Grande Prémio de Torres Vedras, alcançou a vitória numa etapa e na geral da Alentejana, bem como o 4º triunfo na Volta a Portugal. Triunfo esse alcançado com vitórias nas duas chegadas mais míticas da história da prova: Alto da Torre e Senhora da Graça.

Em 2011 Blanco rumou a Espanha para integrar o projeto intitulado GEOX. Nesse ano, o galego correu o Giro d’Itália e a Vuelta a España, onde foi o braço direito na vitória do seu companheiro Juan Jose Cobo. Blanco fez ainda 10º no GP di Lugano, prova conquistada por Ivan Basso.

Blanco na Vuelta 2011.

No ano seguinte David Blanco assinou pela equipa portuguesa Efapel – Glassdrive com o objectivo de vencer a 5ª Volta a Portugal da carreira. Objectivo esse alcançado com mérito, pois para além do triunfo na geral, o galego brilhou mais uma vez na mítica chegada ao Alto da Torre, vencendo-a.

Depois do seu triunfo, Blanco decidiu retirar-se da competição. Uma carreira marcada por um percurso bastante relevante nas estradas portuguesas e por uma personalidade onde o profissionalismo, o triunfo e a humildade sempre andaram sempre de braços dados, ofuscando um estrelato e uma ostentação que lhe pertencia mas que não fazia parte de si. Essa mesma parte de si que fê-lo escrever uma das páginas mais bonitas da história do ciclismo português e, no início e no fim das contas, conquistar a admiração de toda uma nação.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here