Esta é a história do primeiro ciclista britânico a entrar verdadeiramente para os livros de ouro do ciclismo. Detentor de uma irreverência ímpar que nunca lhe permitiu negar as suas origens. Criador prático de uma era híbrida no mundo no ciclismo nunca antes vista. E cedo galardoado com o título honorário mais prestigiante do mundo. Mas todo e cada um de nós devia inspirar-se na proeza de Sir Bradley Wiggins. Por quê? Comecemos pelo princípio.
A 28 de Abril de 1980 nasceu Bradley Wiggins, na Bélgica, filho de pai australiano e mãe inglesa. O seu pai era ciclista profissional e deu a Bradley a paixão pela modalidade. Com apenas 20 anos, e ainda como amador, ganhou a medalha de bronze na perseguição por equipas, tornando-se num ciclista muito cobiçado, acabando por escolher a Linda McCartney Racing Team com a sua primeira equipa profissional.
Passou ainda pela Française des Jeux, Crédit Agricole, Cofidis e Team High Road, mas manteve-se fiel à pista. Ganhou medalhas nos Jogos Olímpicos de 2004 e de 2008. Durante esse período de tempo foi um contra-relogista puro mas em finais de 2008 afirmou que em 2009 queria ganhar o Tour de France. A Garmin – Slipstream contratou-o para líder e, mesmo com adversários com Alberto Contador, Lance Armstrong e os irmãos Schleck finalizou a prova em 4º.

Em 2010, tornou-se líder da equipa nova do seu país, a Team Sky. Teve um ano para esquecer, não indo além do 40º lugar no Giro d’Italia e do 23º lugar no Tour. No ano seguinte, com uma equipa mais experiente ganhou o Critérium du Dauphiné mas também o Campeonato Nacional de Estrada e é considerado favorito à vitória do Tour. Nessa mesma prova teve uma queda grave e abandonou. Mostrou-se em grande nível na Vuelta a España desse ano, acabando no 3º posto, atrás do seu colega de equipa Chris Froome.
Estava mais do que visto que Bradley Wiggins queria ganhar o Tour e em 2012 isso parecia estar mais próximo do que nunca. Começou o ano a ganhar a Paris-Nice, o Tour de Romandie e o Critérium du Dauphiné. Tornou-se outra vez favorito a ganhar, saindo reforçado pela suspensão de El Pistolero e a lesão de Andy Schleck. Desta vez não falhou e ganhou com autoridade o tão desejado Tour de France, tornando-se no primeiro birtânico a consegui-lo. A edição ficou marcado pelo “espera por mim” de Wiggins para Froome. Bradley Wiggins admitiu depois que se não fosse líder da prova, teria abandonado o Tour. A sua vitória ficou ainda marcada pela associação do britânico à sub-cultura Mod devido ao seu corte de cabelo e patilhas, colecção de scooters e gosto musical. Nos Jogos Olímpicos desse mesmo ano conquistou a Medalha de Ouro no Contra-relógio individual. No final do ano garantiu que o objectivo de 2013 seria o Giro d’Italia, objectivo esse que terminou logo à 1ª semana com um abandono precoce – Wiggins deu-se mal com o clima extremo típico de Itália no mês de Maio. No final desse ano tornou-se num Sir pelo “seu desempenho no ciclismo”.

Bradley Wiggins definiu para 2014 um novo objectivo: Paris-Roubaix. Conseguiu o 9º lugar, um grande resultado tratando-se da estreia em provas do pavé. Em Setembro bateu Tony Martin no Mundial de Contra-relógio e tornou-se Campeão Mundial da especialidade.
Em 2015 delineou que seria o ano de despedida na vertente de estrada, com vista à conquista da Medalha de Ouro de Perseguição de Pista no ano que seguinte no Rio de Janeiro. Falhou o objectivo Roubaix de cabeça erguida, mesmo com o 18º posto final.

Terminou a sua ligação à Sky e criou a sua equipa, a Team Wiggins, equipa continental. Um mês depois bateu o Recorde da Hora, estabelecendo a marca em 54,5km/h.
Como muito se especulava, 2016 tornou-se o último ano de Wiggins como profissional. Voltou por breves momentos à estrada, sempre no intuito de manter a sua forma física. Na pista, nos Campeonatos do Mundo obteve a medalha de prata na disciplina de perseguição e ainda a medalha de ouro no Madison juntamente com Mark Cavendish, repetindo o feito de 2008.
No Rio de Janeiro, obteve o ouro na perseguição por equipas, conquistando a sua 8ª medalha em Jogos Olímpicos, tornando-se no britânico mais medalhado na história da prova. Terminou a carreira somando com um 2º lugar com Mark Cavendish na geral do Six Days of London e vencendo o Six Days of Ghent, também com Mark Cavendish.

Bradley fechou a carreira a vencer um pouco de tudo e deixando a sua marca um pouco por todo o lado. Um feito ao alcance de poucos! Na estrada foram 35 vitórias distribuída por três etapas, oito em gerais classificativas e 24 em contra-relógios.
Actualmente colabora com o Eurosport, nomeadamente nas Grandes Voltas e nos 5 Monumentos, onde tece as suas opiniões e comentários.