176 atletas, distribuídos por 22 equipas marcaram presença no arranque da edição 109 do Tour de France. Entre os presentes três ex-vencedores – Tadej Pogačar (UAE Team Emirates, vencedor das edições de 2021 e 2020), Geraint Thomas (Ineos Grenadiers – vencedor da edição de 2018) e Chris Froome (Israel Premier Tech – vencedor das edições de 2017, 2016, 2015 e 2013) – e ainda dois portugueses – Ruben Guerreiro (EF) e Nelson Oliveira (Movistar Team).

A primeira etapa decorreu sob dilúvio mas nem isso demoveu o público que se fez sentir em massa.

A prova arrancou com um contra-relógio individual na Dinamarca, mais concretamente em Copenhaga, debaixo de chuva. Os favoritos foram os primeiros a partir, com destaque para Tadej Pogačar que foi o melhor entre os favoritos. O melhor tempo foi selado já na recta final do dia, com Yves Lampaert (Quick – Step) a beneficiar do amenizar das condições climatéricas para bater toda a concorrência e tornar-se no primeiro líder da edição. Ao segundo dia esperava-se que o vento agita-se as águas do pelotão mas este não apareceu. Magnus Cort (EF), um dos homens-prodígio da casa, foi um dos fugitivos do dia e subiu ao pódio, como o primeiro líder da classificação da montanha. Após um par de quedas sem cortes de tempo entre os demais favoritos, Fabio Jakobsen (Quick – Step) foi o mais forte dos sprinters, com Wout van Aert (Jumbo – Visma) a terminar o dia em 2º lugar e a subir à liderança da prova. O último na Dinamarca viu o belga terminar novamente no 2º lugar, numa vitória que sorriu a Dylan Groenewegen (BikeExchange), enquanto Magnus Cort foi o fugitivo do dia, para alegria dos dinamarqueses.

Magnus Cort fez a festa com o seu povo cada vez que somou pontos para a camisola da montanha.

Após o primeiro dia de descanso, o líder da prova surpreendeu tudo e todos. Numa etapa que era, a priori, para ser disputada ao sprint, Wout van Aert atacou num pequeno topo a cerca de 10 quilómetros do fim, não mais sendo alcançado. A 5ª etapa foi marcada pelo pavé e pela primeira fuga a vigar. Simon Clarke bateu Taco van der Hoorn (ntermarché – Wanty – Gobert) sobre a linha de meta e deu a primeira vitória à Israel – Premier Tech no Tour de France. Entre os favoritos, Jack Haig (Bahrain Victorious) abandonou e Primož Roglič (Jumbo – Visma) caiu e perdeu tempo precioso para os demais favoritos. No dia seguinte, o líder da prova foi para a frente mas, não só a fuga não vingou, como a equipa da Jumbo – Visma ficou toda desfeita, permitindo a Tadej Pogačar vencer a jornada e assumir a liderança da prova. O mesmo cenário repetiu-se no dia seguinte.

Tadej Pogačar bateu Jonas Vingegaard na etapa 7.

A 8ª jornada marcou o regresso às vitórias da Jumbo – Visma, neste caso com Wout van Aert a bater Michael Matthews (BikeExchange) e Pogačar num sprint em ligeira subida. O último dia antes do segundo dia de descanso culminou com a segunda fuga vitoriosa, num regresso aos grandes triunfos de Bob Jungels (AG2R) que já não vencia numa Grande Volta desde a 15ª etapa do 100º Giro d’Italia, em 2017. O dia ficou ainda marcado pela desistência de Ruben Guerreiro após sintomas e ter testado positivo para o vírus covid-19.

A segunda semana de prova começou num ritmo frenético, dando depois lugar a uma fuga vitoriosa, não sem antes a etapa ser parada devido a uma manifestação climática. No final do dia, Magnus Cort bateu milimetricamente Nick Schultz (BikeExchange).

Os manifestantes quase levaram o fugitivo Alberto Bettiol (EF) ao chão, tendo depois a etapa sido interrompida para a retirada destes indivíduos.

No dia seguinte, os ciclistas enfrentaram nova chegada em alto, com passagem pelo mítico Col du Télégraphe. A Jumbo – Visma ousou lançar-se ao ataque desde cedo e, no final da etapa, conseguiu mesmo fazer Pogačar vacilar, vencendo Vingegaard a jornada e assumindo a liderança da prova. O Dia da Tomada da Bastilha foi marcado pela ascensão ao Alpe d’Huez e pelo espectáculo proporcionado por Chris Froome. O vencedor de quatro Tours de France esteve na fuga do dia e na luta por uma vitória que ficou entregue ao compatriota Thomas Pidcock (Ineos Grenadiers). A 13ª etapa foi marcada por nova fuga a vingar, com a vitória a sorrir a Mads Pedersen (Trek – Segafredo). O dia seguinte viu novamente os fugitivos a disputarem a jornada, com Michael Matthews (BikeExchange) a obter a mais bela das vitórias da sua carreira. A segunda semana terminou ao sprint, com Jasper Philipsen (Alpecin – Fenix) a bater toda a concorrência.

Chris Froome foi recebido em apoteose no Alpe d’Huez.

A terceira semana começou com nova fuga a vingar, com Hugo Houle (Israel – Premier Tech) a conquistar a 2ª vitória de sempre no Tour para o Canadá. Aleksandr Vlasov (Bora – Hansgrohe) foi um dos fugitivos do dia e reentrou no top-10, enquanto Romain Bardet (Team DSM) teve um dia para esquecer. No dia seguinte, o francês esteve ao ataque, mas a vitória acabou por ser mesmo disputada entre Tadej Pogačar e Jonas Vingegaard, com o esloveno a levar a melhor sobre o dinamarquês. No dia seguinte a situação inverteu-se, com Vingegaard a selar, definitivamente, a sua vitória no Tour de France. O dia ficou ainda marcado pelo pela queda de Jonas Vingegaard na descida do Col des Spandelles. Pogačar esperou. Mas, pouco depois, foi o esloveno a ter um percalço, indo mesmo ao chão. Vingegaard esperou e recebeu o pronto agradecimento, num gesto que eternizou a 18ª etapa desta 109ª edição nos livros de ouro do ciclismo.

Rivais sim, mas sempre com respeito.

Com a montanha deixada para trás, Christophe Laporte (Jumbo – Visma) deu a primeira vitória à França na 19ª etapa. Wout van Aert festejou o Prémio de Super Combativo sendo o mais forte no último contra-relógio individual, fazendo a sua equipa chegar a Paris como a primeira equipa desde a Faema em 1969 a conquistar a camisola amarela, verde e das bolinhas. Jasper Philipsen (Alpecin – Deceuninck) venceu a mítica etapa dos Champs-Élysées naquela que foi a edição mais rápida do Tour: 42.02 km/h.

Pogačar conquistou pela terceira vez consecutiva a camisola branca referente à juventude, enquanto a Ineos Grenadiers venceu colectivamente. Nelson Oliveira terminou a prova na 52ª posição, numa edição marcada ainda pelo facto de Andrey Zeits (Astana) ter-se tornado no 4º ciclista de sempre a terminar, pelo menos, 20 Grandes Voltas sem nenhum abandono no currículo.

Top-10 final do 109º Tour de France.

Entre os comentadores do Eurosport, José Azevedo ergueu os braços pela primeira vez no Jogo das Apostas:

No que toca aos Envelopes, Olivier Bonamici arrasou os seus colegas:

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