A História
O Tour de France teve a sua primeira edição no ano de 1903 quando o jornal L’Auto, através do director Henri Desgrange, decidiu organizar a prova para superar o seu rival Le Vélo, que na altura se destacava em número de vendas.
O primeiro Tour foi ganho pelo francês Maurice Garin, numa altura em que as etapas duravam noite e dia e onde muitos dormiam no meio da estrada, sem que ninguém lhes pudesse dar assistência, havendo ainda histórias de que muitos usariam os comboios para ganharem terreno. Em 1904, o vencedor da edição anterior, entre outros, foi precisamente desqualificado por essa mesma razão. No ano seguinte o pelotão viu ser introduzida a primeira montanha na prova e, em 1919, a camisola amarela (fazendo jus ao facto do mencionado jornal ser impresso em papel amarelo. O francês Eugène Christophe foi o primeiro camisola amarela da história da prova.

Em 1930 foi instaurada a classificação colectiva (que até 1962, exceptuando 1967 e 1968, assinalou a melhor selecção em prova), com a França a levar para casa o primeiro título e, em 1933, foi instaurada a camisola da montanha, com o neerlandês Joop Zoetemelk a ser o primeiro ciclista a envergá-la. A prova continuou sempre a crescer, apenas sendo interrompida pelas duas Grandes Guerras Mundiais. Entre os corredores que mais venceram até 1940, destacam-se Philippe Thys, com três vitórias e Lucien Petit-Breton, Firmin Lambot, Ottavio Bottecchia, Nicolas Frantz, André Leducq, Antonin Magne e Sylvère Maes que alcançaram todos duas vitórias.
Depois da II Guerra Mundial, Gino Bartali e Fausto Coppi venceram ambos duas edições do Tour. A segunda vitória de Coppi na prova foi marcada pela vantagem-recorde de 28 minutos e 27 segundos face ao 2º classificado, Stan Ockers. Em 1953, por ocasião dos 50 anos desde a 1ª edição da prova, surgiu a camisola verde da regularidade. O primeiro vencedor foi Fritz Schaer, num ano em que Louison Bobet venceu a geral, feito que repetiu nos dois anos seguintes. No ano em que foi introduzido o prémio de Super Combativo (1956) Jacques Anquetil conquistou a primeira de cinco edições do Tour, as últimas quatro de forma consecutiva. Em 1967 foi realizada a primeira análise anti-doping, depois de Tom Simpson morrer no Mont Ventoux.
Em 1969 Eddy Merckx estreou-se no Tour de France, vencendo a camisola amarela, a verde e a da montanha, num feito nunca mais repetido. O belga levou a amarela para casa mais quatro vezes: em 1970 (onde levou também a camisola da montanha e oito etapas), em 1971 (onde levou também a camisola da regularidade e quatro etapas), em 1972 (onde levou também a camisola da regularidade e seis etapas) e em 1974 (onde venceu também oito etapas). Pelo meio surgiu a camisola branca que, inicialmente, distinguia o melhor estreante da prova, só depois passando a distinguir o melhor jovem sub-23 em prova. Francesco Moser foi o primeiro vencedor da camisola. A edição de 2021 ficou igualmente marcada pelo igualar do recorde de vitórias de etapas de Eddy Merckx por parte de Mark Cavendish.

Seguiu-se o domínio de Bernard Hinault que venceu a prova em 1978, 1979, 1981, 1982 e 1985. Em 1986 Greg LeMond tornou-se no primeiro não-europeu a vencer a Grande Boucle. Voltou a triunfar em 1989, batendo Laurent Fignon por oito segundos, a menor vantagem da história da prova entre 1º e 2º classificados. O norte-americano voltou a vencer no ano seguinte e, em 1991, Miguel Indurain começou um reinado que durou cinco anos. O espanhol foi o primeiro ciclista a vencer cinco vezes a prova de forma consecutiva.
Em 1999 Lance Armstrong começou um domínio que só terminou com a sua (primeira) retirada em 2005. O norte-americano venceu a prova por sete vezes consecutivas, regressando à competição em 2009 para fechar em 3º lugar. Em 2012 estes mesmos resultados foram-lhe retirados, pese embora muitos continuem a considerá-lo o recordista de triunfos do Tour de France.

Ainda em 2012 uma nova era começou na mais mítica prova de ciclismo: a era britânica. Bradley Wiggins foi o primeiro vencedor britânico e os seus compatriotas Chris Froome (com quatro triunfos) e Geraint Thomas (com um triunfo) deram sequência a uma hegemonia que permaneceu dentro da equipa Sky pois, em 2019, Egan Bernal tornou-se o primeiro colombiano a vencer a Grande Boucle.
Em 2020 a prova começou dois meses mais tarde que o habitual devido à pandemia de covi-19. O vencedor foi Tadej Pogačar que tornou-se no mais jovem vencedor da prova desde 1904. O esloveno conquistou, por dois anos consecutivos, a camisola amarela, a camisola da montanha, a camisola da juventude, bem como três etapas, tornando-se no jovem sub-23 mais vitorioso da prova desde a II Guerra Mundial.

Os Principais Recordes
- Paris é a única cidade a estar presente em todas as edições da prova;
- Edição mais rápida: 92ª (2005) com 41.654 quilómetros por hora;
- Edição mais lenta: 13ª (1919) com 24.057 quilómetros por hora;
- Edição mais extensa: 20ª (1926) com 5 745 quilómetros;
- Edição mais curta: 1ª (1903) com 2 428 quilómetros;
- Maior número de participações na prova: Sylvain Chavanel com 18 participações;
- Maior número de edições completadas: Sylvain Chavanel, Lucien Van Impe e Joop Zoetemelk com 16 edições cada;
- Maior número de etapas começadas: Joop Zoetemelk com 385 etapas começadas;
- Maior número de etapas finalizadas: Joop Zoetemelk com 383 finalizadas;
- Mais triunfos na prova: (Lance Armstrong com sete triunfos), Jacques Anquetil, Eddy Merckx, Bernard Hinault, Miguel Indurain com cinco triunfos cada;
- Vencedor mais jovem da prova: Henri Cornet com 19 anos e 352 dias em 1904;
- Vencedor mais velho da prova: Firmin Lambot com 36 anos e 130 dias em 1922;
- Nação com maior número de vitórias finais na prova: França com 36 triunfos;
- Nação com maior número de atletas a envergar a camisola amarela: França com 85 atletas distintos;
- Mais dias de camisola amarela: Eddy Merckx com 96 dias;
- Mais dias de camisola amarela sem vencer a prova: Fabian Cancellara com 29 dias;
- Maior número de pódios finais na prova: Raymond Poulidor com oito pódios;
- Maior número de pódios finais na prova sem nunca a vencer: Raymond Poulidor com os mesmos oito pódios (três 2º e cinco 3º lugares);
- Maior número de top-10 finais na prova: Joop Zoetemelk com 12 presenças entre os dez mais;
- Mais triunfos na camisola da regularidade: Peter Sagan com sete triunfos;
- Maior número de vitórias de etapa: Eddy Merckx e Mark Cavendish com 34 vitórias cada;
- Vencedor de etapa mais jovem: Fabio Battesini com 19 anos e 133 dias em 1931;
- Vencedor de etapa mais velho: Pino Cerami com 41 anos e 64 dias em 1963;
- Mais triunfos na camisola da montanha: Richard Virenque com sete triunfos;
- Mais triunfos na camisola da juventude: Jan Ullrich e Andy Schleck, com três triunfos consecutivos cada;
- Mais triunfos colectivos: França e Bélgica com 10 triunfos cada;
- O mais Super Combativo: Eddy Merckx com quatro atribuições.

Os Portugueses na Grande Boucle
Em 1956 Alves Barbosa tornou-se no primeiro português a participar no Tour de France, terminando no 10º lugar. No ano de 1969 Joaquim Agostinho tornou-se no quinto luso a participar na prova francesa vencendo, nessa edição, duas etapas. Em 13 participações o saudoso ciclista fez parte da vitória colectiva da Bic em 1973, terminou no pódio final em 1978 e 1979, atrás de Joop Zoetemelk (2º classificado) e Bernard Hinault (1º classificado), venceu quatro etapas e sendo, ainda hoje, o quinto atleta com mais top-10 finais na prova: oito. Tem ainda o feito de ter finalizado, pelo menos uma vez, no top-10 de uma etapa em todas as suas participações, num total de 76 vezes entre os melhores da etapa.
Em 1984 o Sporting participou, pela segunda e última vez, na Grande Boucle. Para a história fica a vitória de Paulo Ferreira ao quinto dia. Cinco anos mais tarde Acácio da Silva venceu pela terceira vez uma etapa no Tour e tornou-se no primeiro e único ciclista, até hoje, a envergar a camisola amarela. Fê-lo durante quatro dias.

Os resultados relevantes regressaram com o virar do século. José Azevedo estreou-se na prova francesa terminando no 6º lugar em 2002, somando a vitória do contra-relógio colectivo e, dois anos mais tarde, somou nova etapa colectiva, terminando no 5º lugar final. Em 2006, e após vencer mais uma jornada colectiva no ano anterior, o fiel escudeiro de Lance Armstrong envergou o dorsal 1 da prova, após (um primeiro) final de carreira do norte-americano.
Os portugueses voltaram ao lugar mais alto do pódio em 2010 após Sérgio Paulinho vencer a 10ª etapa. No ano seguinte foi a vez de Rui Costa vencer, neste caso ao 11º dia. Em 2013 o poveiro venceu duas jornadas, a 16ª e a 19ª, levando ainda para casa o Prémio de Combatividade (referente ao 16º dia), distinção que voltaria a obter em 2016 (ao 19º dia). O último português a estrear-se na Grande Boucle foi Ruben Guerreiro, em 2021. Ao todo 32 ciclistas portugueses já participaram na prova.

Para a história ficam:
- 11 top-10 finais (Alves Barbosa em 1956, Joaquim Agostinho em 1969, 1971, 1972, 1973, 1974, 1978, 1979 e 1980, José Azevedo em 2002 e 2004);
- 15 vitórias de etapa (Joaquim Agostinho em 1969 (2), 1973 e 1979, Paulo Ferreira em 1984, Acácio da Silva em 1987, 1988 e 1989, José Azevedo em 2002, 2004 e 2005, Sérgio Paulinho em 2010, Rui Costa em 2011 e 2013 (2));
- 10 vitórias colectivas finais (Joaquim Agostinho em 1973, José Martins em 1976, José Azevedo em 2002, Sérgio Paulinho em 2007, 2009, 2010 e 2013 e Nelson Oliveira em 2016, 2019 e 2020);
- 6 ocasiões onde o vencedor do Tour de France tinha na sua fileira um ciclista português (Joaquim Agostinho em 1973, José Azevedo em 2004 e 2005, Sérgio Paulinho em 2007 e 2009 e Rui Costa em 2021).
