Esta é a história de um dos melhores ciclista da sua geração. De um homem genuinamente bom. Com bom humor. Um exemplo de vida, embora a vida tenha sido curta demais para ele. Mas todo e cada um de nós devia inspirar-se em Michele Scarponi. Por quê? Comecemos pelo princípio.

Michele Scarponi nasceu a 25 de Setembro de 1979, em Jesi. Entrou no ciclismo em 1988, aos 9 anos, na equipa de formação Pieralisi, onde permaneceu até 1997. Seguiu-se a transição para sub-23 onde representou a Zalf Euromobil Fior entre 1998 e 2000 e a Site – Frezza em 2001. No final de 2001 saltou para o pelotão de elites.

Frankie, companheiro de treinos de Scarpa.

Acqua e Sapone – Cantina Tollo foi a primeira equipa de Scarponi enquanto profissional. A sua 1ª vitória em elites ocorreu na 1ª etapa da Settimana Ciclistica Lombarda, num ano em que fechou o Giro d’Italia em 18º lugar. Em 2003 vestiu as cores da Domina Vacanze – Elitron e esteve em evidência na semana das Ardenas onde obteve um 7º e um 4º lugar na Amstel Gold Race e na Liège-Bastogne-Liège, respectivamente. Um 16º lugar no Giro d’Italia e um 13º na Vuelta a España faziam prometer um futuro risonho para Scarpa. No ano seguinte faz a sua 1ª participação no Tour de France, ainda que discreta, e esteve em destaque novamente na semana das Ardenas.

Michele e o seu bom humor.

Em 2005 mudou-se para a Liberty Seguros – Würth onde de sonante somou apenas um 12º lugar na Vuelta desse mesmo ano. 2007 marcou o regresso à casa de partida, neste caso à  Acqua & Sapone. Venceu a Settimana Internazionale di Coppi e Bartali e fechou em 2º o Giro del Trentino. Entre 2008 e 2010 esteve na Diquigiovanni – Androniino. 2009 foi o ano do regresso do promissor Scarpa. Venceu o Tirreno-Adriatico e a 6ª e 18ª etapas no Giro d’Italia.

Scarpoini a vencer a etapa 6 do Giro 2010.

No ano de 2010 fechou em 4º lugar o Giro d’Italia, numa edição em que venceu a etapa 19. Voltou a vencer a Settimana Internazionale di Coppi e Bartali e fechou em 2º o Tirreno-Adriatico. 2011 foi o ano de Scarpa. Na equipa Lampre (onde permaneceu até 2013), começou o ano a vencer a Volta Ciclista a Catalunya, o Giro del Trentino e no mês de Maio o Giro d’Italia! Para lá da maglia rosa levou igualmente para casa a camisola por pontos. No ano seguinte fechou em 8º a Liège-Bastogne-Liège e ficou às portas do pódio no Giro, com um 4º lugar final. Na clássica belga fechou 4º em 2013, repetindo posteriormente o 4º posto no Giro. Fez 15º na Vuelta a España, num ano em que foi aos Mundiais onde finalizou em 16º a prova de fundo.

Scarpoini venceu a geral final do Giro em 2011.

Em 2014 e aos 34 anos um novo papel esperava Scarponi. Ingressou na Astana com o intuito de ser o braço direito dos seus líderes. Obteve alguns top-10 em provas de uma semana e foi fulcral na vitória de Vincenzo Nibali no Tour de France nesse mesmo ano. Ajudou o Tubarão a alcançar o 3º lugar no ano seguinte em terras francesas. Em 2016 acompanhou Nibali no Giro d’Italia, prova que o Tubarão venceu e onde Scarpa finalizou em 16º lugar. Liderou a Astana na Vuelta a España e terminou a prova em 11º.

Nibali e Scarpa tornaram-se grandes amigos.

2017 foi marcado pelo regresso às vitórias seis anos depois. Ocorreu na 1ª etapa do Tour of the Alps (antigo Giro del Trentino), prova onde finalizou em 4º lugar. Iria liderar a Astana no Giro d’Italia, por lesão de Fabio Aru (à semelhança do ocorrido na Vuelta transacta). Scarpa vinha a dar bons indícios e estaria em condições de debater-se entre os melhores, inclusive o agora adversário Vincenzo Nibali. Um dia após o fim do Tour of the Alps, L’Aquila di Filottrano (sua alcunha) saiu de casa para treinar e foi tragicamente atropelado. Importa referir que Giuseppe Giacconi, artesão que colidiu fatalmente com o ciclista, morreu dez meses depois aos 57 anos, depois de não conseguir superar tamanho desgosto. Adoeceu gravemente após o acidente e o corpo não reagiu aos tratamentos de uma doença que se revelou mortal.

Mais de 6 anos depois, Scarpoini volta a vencer uma etapa.

Para trás ficaram 19 vitórias, 11 das quais em etapas por parte do Homem do Bom Humor no pelotão. Grazie Mille, Scarpa; 25-09-1979 – 22-04-2017.

“Mesmo que seja só por um dia, pensei em trazer para casa duas camisolas de líder” – Último tweet de Scarponi.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here